domingo, 30 de novembro de 2014

Dor além

Deve haver algo que explique a relação da dor com a melancolia.

Quando a dor física chega a níveis de dura aceitação, a cabeça fica estranha, desejando guardar a alma pra si, repelindo quem chega cheio de amor.

Há quem sofra com as dores crônicas da alma, antes mesmo que se tornem físicas. Mas não é o caso aqui...

A mente, sempre viva, e o sorriso sempre presente, cansam de lutar contra aquilo que o quer fazer chorar...

É como uma luta no oceano violento: não tendo como reagir, o melhor é se entregar e experimentar o que virá; pelo tempo que será.

Estou a esperar a bonança... Ela deve vir. Como bem dizem, tudo passa. A dor há de passar, a tristeza ha de cessar, e novos assuntos, bem mais felizes, nascerão.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Olhares




Depois de sua breve viagem, estava com os olhos diferentes. 

Não sabia explicar exatamente o que havia de tão fascinante naquela mesma enorme cidade de 
sempre, mas o encantamento parecia não ter fim.
Enquanto subia os degraus, acompanhou os primeiros raios solares que invadiam a sombra da 
escada. 

Seu corpo estava ali, mas a mente (e o coração) procuravam recentes lembranças, de dias 
intensos e cheios de amor, sentimentos que não se bastavam e desejavam exprimir-se nos poros, nos 
olhos, na vida de Isadora (...)

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

PAI




















Ele não era o mais jovem. Na verdade, lembro-me de ter vergonha da idade dele e, por uma ou duas vezes, ter dito aos amiguinhos que ele era meu avô, e não meu pai... Coisas da idade... Tenho certeza que ele relevaria este fato, como tantos outros, que carinhosamente compreendeu.
Um desses fatos está representado na foto escolhida para este dia dos pais: Eu tinha, então, 22 anos e estava gravidíssima (8 meses de gestação), e ele estava com 78 anos de muito vigor e sabedoria. Esse dia é inesquecível pra mim, pois marca a aproximação que ganhei com meus pais com a maternidade.
Como toda criança, tive o pai herói... Tive também o pai que não deixa nada, na adolescência... Mas foi com a maturidade que nosso amor deixou de ser fantasioso e infantil e se tornou real e capaz de ser posto à prova. Foi a partir deste momento, que vivi com meu pai experiencias profundas de amor e companheirismo.
Dois anos depois dessa foto, ele foi diagnosticado com câncer. O susto e a dor nos tornou amigos de fé, confidências, orações, músicas (no metrô, no carro e na quimioterapia) e amigos de vida, e para a vida.
Os últimos quatro anos de vida do meu pai foram intensos e reais. Ele nunca desistiu da fé. Me deixou um legado que dinheiro nenhum no mundo pode comprar: o valor da vida com Cristo.
A sua vida não foi perfeita. Cometeu erros graves, e me confidenciou alguns. Mas em tudo o que dizia, expressava sua gratidão a Deus pelo perdão e pelo amor que Ele, sendo tão grande e perfeito, demonstrava por nossa família, mostrando Seu cuidado pelas gerações.
Há quase 3 anos ele faleceu. Na verdade, como ele mesmo dizia, foi "promovido".
E, embora a saudade aperte vez ou outra, neste dia dos pais, carrego no peito a alegria e a satisfação de ter sido filha do sêu Siló, homem simples e muito feliz.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Observando o amor (de mãe)



"Imagino seu olhar, a me ninar, quando eu ainda era pequena e não podia me cuidar. Imagino que nunca imaginou o que seria de nossas vidas, nem como seria difícil, se um dia houvesse despedida.  Enquanto te olho, te amo. Se meu cuidado é limitado,  tal amor é grande demais pra ser guardado. Agora,  só as lágrimas expressam esse sentimento,  mas foi em meio a muitos sorrisos que nutrimos esse amor, e é ele mesmo que nos une neste triste sofrimento".

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Sem letras



















A maior dificuldade em se propor a escrever, é escrever sempre...

Há dias em que existe um intrasponível bloqueio criativo.

Hoje é um dia desses.

Algumas poesias se atrevem... mas o mesmo tempo, sempre o mesmo tema.

Me canso.

Então, descanso e espero a inspiração voltar.

Embora tanto pra escrever, não há letras.

Há sensações e sentimentos. E muitos. Mas eles nada são ao mundo se não forem mostrados, descritos, escritos.

Então os guardo... talvez saiam em forma de lágrimas ou, até, gargalhadas.

Mas saem...

E quando a inspiração voltar, terei que escrever sobre outras sensações e sentimentos. Terei que me nutrir de novos pensamentos, e buscar novas letras... embora o tema, provavelmente, seja o mesmo.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Sazonal


Em minha vida, é muito comum que os dias comecem bem, e terminem mal. O contrário também o é.

Dias em que acordo disposta, animada e esperançosa... que se transformam em tardes e noites exaustivas, tristes e mortas.

Aquele típico dia em que a noite é a fuga perfeita, e o sono, o alivio menos tóxico...

(...)

Mas no meio dessas variações climáticas de minhas estações, pequenas brisas tornam a difícil tarefa de viver mais amena.





Vem em forma de uma mensagem virtual e sincera; uma ligação doce e tranquilizadora; um filme antigo e genial; um recado despropositado e legal (deixado semanas atrás) que hoje faz sentido e faz sorrir...


Pode ser uma memória guardada, uma gentileza inesperada, uma palavra amada, uma foto engraçada ou, a enfim compreensão da piada já contada.

Não é à toa que essas brisas passam por nós... Não é em vão que passamos o que, por nós, ninguém pode passar.

A instabilidade do dia depende muito mais de quantas brisas sou capaz de sentir, do que, efetivamente, se elas existem e têm algum poder sobre o meu tempo.

A passagem, fria ou quente, dos momentos vividos, não deve ser medida em termômetros de meros gostos. Se assim for, nunca haverá um sentimento amenoso...

Entre tempestades e bonanças, entre sorrisos e prantos, há de se ter (sempre) um punhado de amor bom e boas lembranças.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Ê janeiro...


Novembro, como não podia ser diferente, foi um mês intenso e quente... dezembro, que não ficou longe, amenizou e trouxe leve brisa nas festas de fim de ano... 

Ritmo mais lento na vida foram os últimos dias de 2013. Meu pensamento, entretanto, era que janeiro voltasse aquecido, até mais aquecido...

Mas não. Chegou com pouca paixão, pouca esperança e pouca vontade de continuar...

Alegrias? Tenho muitas.

Satisfações? Posso nomear cada uma.

Então o quê? Quais as inquietações?

Acontece que, mais comum do que se sabe, é ter projetos em início de ano, e quando o projeto do ano que passou, não vira o reveillón junto com a gente, fica uma saudade de não-se-sabe-o-quê, uma vontade de que não tivesse se ido o ano que passou... até porque, lá no fundo, eu bem sabia, que ele não viria.

Adeus velho ano... e tudo que ficou com ele.