segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Humanamente vivendo, esperançosamente crendo

O que é o sucesso? De que forma sabemos ou saberemos se "chegamos lá"?

Desde o nascimento somos motivados a ter sucesso, ou a fazer tudo para obter sucesso na vida, pois, assim, seremos felizes e completos...

Mas, se somos sempre movidos por novas idéias, desejo de novos desafios e conquistas, como estar satisfeitos? Como saber o momento de parar?

No início do ano li o livro "Quando tudo não é o bastante", do rabino norte-americano Harold Kushner, que aborda o profundo abismo que se pode entrar quando nada do que fazemos nos dá prazer. 

Confesso que este é o tipo de livro que eu deveria ler no início de cada semestre, porque tem sido fácil esquecer a satisfação no que tenho e naquilo que faço, dando lugar à murmuração e ao desânimo.

Kushner escreveu seu primeiro livro "Quando coisas ruins acontecem às pessoas boas", depois que seu filho morreu com uma doença degenerativa raríssima. O sucesso deste livro foi tão  grande que se tornou um best-seller, com mais 4 milhões de cópias. Nesta primeira obra, o rabino fala sobre sofrimento, vida, morte e onipotência de Deus.

O best-seller, comecei a ler hoje. 

"Quando tudo não é o bastante" foi oferecido a mim pelo meu esposo, em um momento em que eu realmente estava deprimida com tantas negativas àquilo que eu acreditava ser fundamental na minha vida no momento. O trabalho ideal, o tempo ideal com minhas filhas, a viagem ideal, o corpo ideal, a saúde ideal... Não queria viver a doença da minha mãe (recentemente perdera meu pai), não queria trabalhar onde estava (e ainda estou, mas com novas perspectivas), não queria estar com o corpo que estava (mas não fazia nada para mudar), não queria me cobrar mais, por cursos que me dessem mais qualificação (mas me achava inferior justamente por não tê-los).

Era o início de um ano. Era para estar alegre, com novas motivações, projetos e sonhos, mas tudo o que eu experimentava era desapontamento, desesperança e insatisfação. 

Onde estava o problema, afinal? Onde está o problema? Não, não estou 100%.

Sim, o ânimo melhorou, mas como é fácil estar insatisfeita novamente!

Meu trajeto casa-trabalho-trabalho-casa é feito 99% de transporte público. Na linha vermelha do metrô os assuntos são os mais diversos: início e fim de relacionamentos, discussões e conflitos profissionais e amorosos, encontros e desencontros, amor e ódio, amizade e inimizades e claro, insatisfações e lamentações.

Hoje de manhã acompanhei, por 10 estações, a conversa de duas amigas... me identifiquei. São frustrações que vêm da cobrança excessiva de ser melhor sempre, de estar bem sempre. Uma delas disse "Parece que quanto mais a gente faz, quanto mais a gente corre, nada acontece, nada dá certo". Ela reclamou que acorda cedo trabalha o dia todo, com uma equipe em que ninguém se ajuda, apenas se atropela, vai pra faculdade à noite, chega tarde em casa, está em fase de provas e desesperada para dar conta de tudo. Mas quando se deita para dormir, tem a sensação de que está fazendo as escolhas erradas, está infeliz, mas não tem certeza se quer parar e começar do zero.

Sinto que muitas vezes o sucesso, ou a busca dele, nos sufoca, nos faz de tontos, como cachorrinhos a  correr atrás do rabo, sem saber o porquê ou para quê.

Percebi, embora já soubesse, que não sou a única a experimentar momentos de tristeza e falta de ânimo. Estou sempre planejando algo: o novo emprego, o novo projeto no emprego atual, o exercício pleno de minha profissão, a viagem com o marido e as crianças, o horário mais cedo em casa (pra ter mais tempo de fazer mais coisas), a aula de violão (que nunca acontece), o encontro com as amigas (que é sempre adiado por mim), os compromissos na igreja, a aula de inglês (risos de deboche), o seriado que amo mas não assisto ("falta de tempo"), o tempo a mais com minha mãe (que se limita aos horários da dieta e da medicação manhã/ noite), a caminha de manhã ou à noite, a pós-graduação, a consulta médica para o check-up, o exame remarcado várias vezes...

E tudo se mistura numa confusão de querer e dever que, dia após dia, são esquecidos, anulados, esperados... 

Estou no final deste mesmo ano e, por vezes, há desânimo. Há também, claro, fôlegos de novas esperanças, motivos para rir e estar muito, muito feliz!

Assim como a motivação de escrever veio de um desses lampejos de confiança e desafio, apoiados por pessoas e oportunidades que surgem no meio do caminho, assim as demais conquistas virão. Mas acredito que não posso definir minha alegria e meu estado de espírito por aquilo que tenho ou desempenho. 

O sucesso, na verdade, não está no trabalho, mas em quem o executa. Kushner escreve que o sucesso está muito mais atrelado às nossas escolhas de vida simples, que nada tem a ver com ganhar dinheiro, pois a referência está em como vamos viver com essa porção que temos. Ele cita executivos (as) que estão num patamar invejável, mas que não conseguem sentir-se plenos. A felicidade não está na posição ou no status... Ainda bem! Descobrir-se é o caminho... Qual é a minha porção? Quanto a mais quero alcançar? Só posso afirmar que não o alcancei o que quero quando o fim estiver decretado... e ainda não o foi, e sequer sou eu que defino.

A continuidade dos projetos não está no projeto em si, mas em quem decidiu iniciá-lo. O ponto certo de parar não está determinado porque é justamente quem pára que decide quando fazê-lo.

Escrevo numa segunda-feira. Aos domingos vou à igreja. Creio que 99% dos domingos vou à igreja. Minha escolha religiosa me impulsiona a viver num ambiente de fé e esperanças. Nesta segunda-feira estou mais esperançosa: pelo que foi ministrado no domingo, pelo excelente final de semana com minha família amada, pelo compartilhar (sem que soubessem) das duas amigas que conversavam no metrô, pela lembrança de um livro lido, e pela nova leitura que inicio... 

Esperançosa, pelo principal livro, que tem norteado minha vida: a Bíblia.

"Todavia, lembro-me também do que pode dar-me esperança:
Graças ao grande amor do Senhor é que não somos consumidos, pois as suas misericórdias são inesgotáveis.
Renovam-se cada manhã; grande é a tua fidelidade!
Digo a mim mesmo: A minha porção é o Senhor; portanto, nele porei a minha esperança". (Lamentações 3:21 a 24).

Talvez amanhã algo impeça o ar esperançoso. Talvez não. Mas ninguém é 100%. Então retomarei a esperança e recomeçarei. Afinal, sucesso, de acordo com o dicionário é "a consequência positiva do há de vir". 

É tentar, é insistir, é acreditar, é vivenciar o hoje.




sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Pensamentos soltos, pra (re) começar...


Hoje é novembro (1). Novembro é o mês que antecede as festas de final de ano, o mês que, em 2013, tem o feriadão de 4 dias... Em novembro, comemora-se o dia do radialista (7) que, para quem deseja   ser uma (eu), é muito relevante. Em novembro, minha mãe, com câncer no esôfago e no pulmão, resolveu celebrar a data dela (22), porque é estando viva que se pode celebrar.

Em novembro, a brisa quente começa, ou deveria, a soprar em São Paulo... 

Em novembro, eu nasci (7)...

Algumas outras datas são bem importantes também em novembro. Por exemplo, a proclamação da república (15) (o tal do melhor feriado)... talvez por isso a maior importância...

Tem também, o dia nacional da consciência negra (20), momento excelente pra reflexão, discursos sobre a desigualdade e o, ainda insistente, racismo... momento para despertar a ação.

Tem, ainda, o dia nacional do doador de sangue (25), que engatinha tanto para consolidar um público  fiel, que faça a doação periodicamente (estou entre pessoas que doam uma vez no ano e esquecem que é preciso doar mais, sempre mais).

Neste novembro faz um ano que meu pai faleceu (28)... saudade... E não só o meu pai, mas tantos outros pais, mães, filhos, amigos, irmãos, irmãs, primos, amores, amantes, cunhados, cunhadas, vizinhos, famosos, anônimos, desconhecidos... 

Isso me faz lembrar do dia de finados (2). Mais uma data de novembro. Muitos vão ao cemitério, visitam túmulos vazios, que despertam lembranças... Eu não vou ao cemitério, a não ser em enterro. Não gosto... não há nada para se ver ali... tudo está acabado dentro do que chamamos vida "neste mundo".

Ruim falar de morte... mas é  algo tão conectado com a vida... É um ciclo inevitável.

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Neste primeiro de novembro, resolvi começar e recomeçar. Recomeçar a escrever, recomeçar os planos de estudar ... começar com a Manuela na escola (tem 3 aninhos e irá a partir do ano que vem. Hoje fiz a matrícula). Além da Manu, tenho a Anita, 7 anos, que está animada com este novo passo da irmã.

Penso que talvez eu esteja antecipando meu votos, ou minhas promessas de final de ano. Mas não há momento melhor para recomeçar do que quando se está celebrando um começo... Eu comecei há quase 29 anos, com os sonhos de minha mãe e meu pai. Depois disso, me recomecei várias e várias vezes... Quando escolhi namorar, ou dizer não. Quando escolhi o curso da faculdade (rs..). Quando escolhi a quem amar  e escolhi o pai de minhas filhas. Quando escolhi ir mais devagar na profissão e curtir o "ser mãe"... são recomeços... e cá estou novamente... 

Esperei tanto por novembro esse ano... Esse ano em especial. Ano difícil, desde o início. Mas, um ano que trouxe surpresas boas, pessoas boas, pessoas muito boas... oportunidades boas... escolhas boas... e é esse todo que me faz recomeçar, ainda que no final de um ano. 

Não posso esperar 1º de janeiro. Não é justo. Pode não dar tempo. Na verdade, nem precisaria ser 1º de novembro... Apenas é. E, claro, tem toda a simbologia de ser o mês do meu aniversário... fica melhor.

Esperar é como guardar na gaveta algo que ganhamos de presente mas não gostamos. Esperamos o que, na verdade? Gostar repentinamente? Ter coragem para se desfazer? Na verdade, apenas perdemos a oportunidade de experimentar.

Pode ser que minha lista aumente ou diminua a partir de hoje. Pode ser que coisas tristes ou muito boas me tirem do eixo. Pode ser que nada ou tudo dê certo... Mas só vou saber a partir de hoje, porque hoje apertei o start... começou novembro... e recomecei!

Dedico este texto a uma amizade que está apenas no começo... começo de amizade é uma coisa muito boa!